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Foto: Reprodução/G1 |
Dilma Rousseff
deverá ser oficialmente notificada nesta quinta (12) da decisão do afastamento.
Segundo Renan
informou após o resultado da votação, a presidente vai manter, no período em
que estiver afastada, o direito à residência oficial do Palácio da Alvorada,
segurança pessoal, assistência saúde, remuneração, transporte áreo e terrestre
e equipe a serviço do gabinete pessoal da Presidência.
Agora, o
Senado passará a colher provas, realizar perícias, ouvir testemunhas de
acusação e defesa para instruir o processo e embasar a decisão final. O
julgamento será presidido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF),
Ricardo Lewandowski, que também comandará a Comissão Processante do Senado.
O impedimento
definitivo da presidente depende do voto favorável de 54 (dois terços) dos 81
senadores, em julgamento que ainda não tem data para ocorrer.
Repercussão
Logo após o
resultado, políticos comentaram, ainda no plenário a decisão de afastar Dilma
por até 180 dias.
Para o senador
Aécio Neves (MG), líder do PSDB, o novo governo, de Temer, não "poderá
errar" e precisa fazer "grandes reformas"
"Acredito
muito na sinalização. Uma nova sinalização que poderá ser dado nesse governo.
Temer terá uma chance e não poderá errar. Terá o PSDB ao seu lado para
minimizar os danos causados pelo governo.Certamente ele não terá apoio apenas
congressual, mas da sociedade brasileira, se estiver disposto a fazer as
grandes reformas", afirmou Aécio.
Humberto Costa
(PT-PE), líder do governo, afirmou que o primeiro passo do PT vai ser defender
o programa do partido e fazer oposição ao governo Temer.
Ontem tivemos
políticas públicas que fizeram o país avançar. Certamente esse legado será
lembrado pelo povo brasileiro. Quanto a recursos vamos avaliar se cabe algum
tipo de recurso a essa decisão. Nosso primeiro passo vai ser resgatar o
programa do PT, acompanhar esse governo ilegítimo e defender a força das nossas
propostas," disse o senador.
Impeachment
no Senado
Depois que a
Câmara autorizou a abertura do processo, em 17 de março, o Senado iniciou a
análise da admissibilidade, ou seja, se o relatório aprovado pelos deputados
continha os requisitos mínimos: indícios de autoria e de existência de um crime
de responsabilidade.
Na última
sexta (6), o relatório do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), que recomendou a
abertura do processo, foi aprovado por 20 votos a 5, na Comissão Especial do
Impeachment do Senado, que reuniu 21 senadores. Só não votou Raimundo Lira
(PMDB-PB), presidente da comissão.
No plenário da
Câmara, o impeachment recebeu 367 votos favoráveis e 137 contrários. Houve sete
abstenções e somente dois ausentes dentre os 513 deputados.
Acusação e
defesa
Conforme
denúncia assinada pelos juristas Janaina Paschoal, Hélio Bicudo e Miguel Reale
Jr., Dilma atentou contra a lei orçamentária ao autorizar despesas extras de R$
2,5 bilhões, entre julho e agosto de 2015, mesmo ciente de que o gasto era
incompatível com a meta fiscal, economia anual do governo para pagar a dívida
pública.
A abertura dos
créditos suplementares foi determinada por meio de decretos não numerados sem
prévia autorização do Congresso.
Além disso, a
denúncia aponta que a presidente usou dinheiro emprestado do Banco do Brasil
para bancar juros menores concedidos a agricultores no Plano Safra de 2015.
Tratam-se das “pedaladas fiscais”, artifício para disfarçar rombo nas contas
públicas.
A acusação é
de que ela teria contraído “operação de crédito ilegal”, já que a Lei de
Responsabilidade Fiscal proíbe o governo de usar dinheiro emprestado de bancos
públicos, controlados pelo próprio Executivo.
Durante a
análise das acusações nas comissões do Senado e da Câmara, a Advocacia Geral da
União (AGU) alegou que os atos não configuram crimes de responsabilidade e que
também foram praticados em governos passados, sem qualquer questionamento.
Quanto aos
decretos, a defesa argumentou que eles não comprometeram a meta fiscal, já que
no início de 2015, o governo havia bloqueado um volume maior de recursos do
Orçamento. Além disso, alegou que os decretos apenas remanejaram as despesas,
sem ampliação de gastos.
Em relação às
“pedaladas fiscais”, o governo sustenta que não se tratam de empréstimos dos
bancos públicos, mas de contrato de serviço de pagamento dos benefícios
sociais. Caso o dinheiro repassado pelo Tesouro não seja suficiente, o banco
paga a diferença e recebe juros quando o governo quita a dívida. Se sobra
dinheiro, o governo recebe juros do banco.
Próximas
etapas
Saiba quais
serão os próximos passos da tramitação do processo de impeachment no Senado:
INSTRUÇÃO
PROBATÓRIA
>> Com a
autorização do plenário para a abertura do processo, o caso volta à Comissão
Especial do Impeachment para a etapa de produção de provas, chamada de fase de
instrução.
>> Será
concedido à presidente um prazo de, pelo menos, 20 dias para apresentar a sua
defesa – o prazo será fixado pelo presidente da comissão especial, senador
Raimundo Lira (PMDB-PB).
>> Nessa
fase, acusação e defesa poderão pedir a convocação de testemunhas, a realização
de perícias e o envio de documentos que acharem adequados, como pareceres do
Tribunal de Contas da União. Não há prazo definido para essa etapa. Por se
tratar de um processo judiciário, o comparecimento das testemunhas convocadas é
obrigatório – sob pena de serem conduzidas coercitivamente.
>> No
final dessa etapa, a presidente Dilma Rousseff poderá ser interrogada. Ainda
não está definido, mas é possível que se abra um prazo de até 15 dias para as
alegações finais da acusação e mais 15 dias para as alegações da defesa – nenhum
fato ou argumento novo poderá ser inserido.
>> A
partir daí, haverá um prazo mínimo de dez dias consecutivos para que o relator
apresente um parecer sobre a procedência ou a improcedência da acusação e para
que a comissão vote – dentro desse período.
>> Para
ser aprovado, esse parecer, que passa a ser chamado de parecer de pronúncia,
necessita de maioria simples. Se isso ocorrer, considera-se procedente a
acusação e começa a fase de julgamento. A decisão será lida na sessão seguinte
do plenário do Senado, e o parecer, publicado no "Diário Oficial do
Senado".
>> Esse
parecer deverá ser submetido ao plenário do Senado em até 48 horas. No
plenário, ainda não está definido se a acusação e a defesa terão 30 minutos
cada para se pronunciar. Deverá, então, ser concedido prazo, provavelmente de
15 minutos, para que cada um dos 81 senadores se manifeste, o que poderá levar
cerca de 20 horas e meia.
>> Para
a votação valer, precisam estar presentes à sessão pelo menos 41 dos 81
senadores (maioria absoluta). Para que o parecer seja aprovado, é necessária
maioria simples dos senadores presentes – metade mais um. A sessão será
presidida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo
Lewandowski, que passa a ter o nome oficial de presidente do Senado como órgão
judiciário. O presidente do Senado, Renan Calheiros, poderá votar como qualquer
outro senador nesta segunda votação.
>> Uma
vez aprovado o parecer, as partes serão notificadas. Deverá ser concedido um
prazo aos autores da denúncia para que apresentem em até 48 horas uma peça
chamada no jargão jurídico de libelo acusatório, que nada mais é do que uma
consolidação das acusações e provas produzidas. Eles também deverão apresentar
um rol de testemunhas.
>> Em
seguida, a defesa terá 48 horas para apresentar uma resposta, chamada no jargão
de contrariedade ao libelo, além do rol de testemunhas. Todo o processo é
encaminhado para o presidente do Supremo, a quem caberá marcar uma data para o
julgamento e intimar as partes e as testemunhas. Deverá ser respeitado um prazo
mínimo de dez dias para se marcar o julgamento. Se o parecer no plenário do
Senado for rejeitado, o processo é arquivado e a presidente reassume o cargo.
JULGAMENTO
FINAL
>> Na
data marcada, o julgamento será realizado no plenário do Senado, presidido pelo
presidente do Supremo, ministro Ricardo
Lewandowski, novamente na condição de presidente do Senado como órgão
judiciário.
>> As
partes podem comparecer pessoalmente ao julgamento ou serem representadas por
procuradores. Poderão ser convocadas testemunhas, que serão interrogadas pela
acusação, defesa e pelos senadores, que assumem o papel de juízes. No entanto,
as perguntas dos parlamentares não serão feitas diretamente por eles. Elas
terão que ser encaminhadas para Lewandowski para que ele faça as indagações.
>> O
número de testemunhas e o tempo dos depoimentos ainda precisarão ser definidos.
Ainda há previsão, segundo a Secretaria-Geral da Mesa do Senado, de realização
de debates orais, embora não esteja definido quem exatamente poderia falar.
>>
Depois disso, as partes se retiram da sessão para discussão entre senadores –
não está definido quanto tempo cada um terá para se manifestar. O presidente
Ricardo Lewandowski elaborará um
relatório, que é diferente de um parecer, pois não haverá juízo de valor.
>> Em
seguida, acontece a votação nominal. Os senadores serão chamados ao microfone
para responder “sim”, “não” ou “abstenção” à seguinte pergunta: “Cometeu a
acusada Dilma Vana Rousseff os crimes que lhe são imputados, e deve ser ela
condenada à perda de seu cargo e à inabilitação temporária, por oito anos, para
o desempenho de qualquer função pública, eletiva ou de nomeação?”
>> Não
há definição de como será a ordem de chamada – caberá ao presidente Lewandowski
decidir essa questão. Para ser aprovado o impeachment, são necessários os votos
de pelo menos dois terços dos senadores (54 votos).
>> Caso
o impeachment seja aprovado, Lewandowski lavra a sentença, que é publicada no
"Diário Oficial". Dilma é então notificada, perde o mandato e fica
inelegível por oito anos. O processo é, então, encerrado. Se rejeitado o
impeachment, o processo é arquivado e a presidente da República reassume.
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