Foto: Reprodução/Cmais |
Morreu na
noite deste domingo (8) a cantora e apresentadora do Viola, Minha Viola,
Inezita Barroso, reconhecida como a mais antiga e importante expressão
artística da música caipira no País. No último dia 4, havia completado 90 anos
de vida. Ela deu entrada no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, em 19 de
fevereiro, e foi vítima de insuficiência respiratória aguda.
Inezita
Barroso deixa uma filha, Marta Barroso, três netas e cinco bisnetos.
Aberto ao
público, o velório está sendo realizado na Assembleia Legislativa de São Paulo
(Avenida Pedro Álvares Cabral, 201 - Parque Ibirapuera) desde as 7h30. O
enterro será às 17h, no cemitério Gethsêmani, no bairro do Morumbi.
Ignez
Magdalena Aranha de Lima, nome de batismo de Inezita Barroso, nasceu em 4 de
março de 1925, no bairro da Barra Funda, em São Paulo. Filha de família
tradicional paulistana, passou a infância cercada por influências musicais
diversas, mas foi na fazenda da família, no interior paulista, que desenvolveu
seu amor pela música caipira e pelas tradições populares. Formada em
Biblioteconomia na USP (Universidade de São Paulo), Inezita foi uma grande
pesquisadora da música caipira brasileira. Por conta própria, percorreu o
interior do Brasil resgatando histórias e canções. Reconhecida por este
trabalho, foi convidada a dar aulas sobre folclore em uma universidade paulista.
Pelo seu trabalho como folclorista, e por ser uma enciclopédia viva da música
caipira e do folclore nacional, recebeu o título de doutora Honoris Causa em
Folclore pela Universidade de Lisboa.
O nome
artístico foi criado aos 25 anos, quando ela juntou seu apelido de infância,
Inezita, ao sobrenome do marido, Barroso.
A artista
Inezita Barroso era cantora, instrumentista, folclorista, atriz e professora.
Começou a cantar e estudar violão aos sete anos. Depois, começou com viola e
piano. Tomou gosto pelo universo rural já nos primeiros anos de sua vida e na
adolescência realizou recitais e shows. Sua primeira gravação em disco foi
realizada no ano de 1951 pela gravadora Sínter. A partir daí, Inezita gravou
cerca de 100 discos.
O primeiro DVD
musical da dama da música de raiz, Inezita Barroso – Cabocla Eu Sou, foi
lançado em dezembro de 2013 e sintetiza os mais de 60 anos de carreira da
cantora.
É uma das
cantoras mais premiadas do Brasil, sendo detentora de mais de 200 prêmios,
entre eles o Prêmio Sharp de Música na categoria Melhor Cantora Regional, o
Grande Prêmio do Júri do Prêmio Movimento de Música, em homenagem aos 47 anos
de carreira, e o Prêmio Roquette Pinto como Melhor Cantora de Rádio da Música
Popular Brasileira. Sua longa carreira foi coroada com o Grande Prêmio da
Crítica da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), em 2010, e com a
escolha de seu nome para ocupar uma das cadeiras da Academia Paulista de
Letras, em 2014. Inezita seria empossada oficialmente em meados de março deste
ano.
Em 2009,
Inezita recebeu do governo do Estado de São Paulo o título vitalício de Grande
Oficial pelo compromisso com as raízes culturais do país e pela contribuição
significativa para o entretenimento dos brasileiros.
Na tevê, sua
carreira começou junto com a TV Record, onde foi a primeira cantora contratada.
Depois, passou pela extinta TV Tupi e outras emissoras, até chegar à TV Cultura
para comandar o Viola, Minha Viola.
Na rádio,
Inezita esteve à frente de microfones da Record, USP e Rádio Cultura AM, onde
apresentou, por 10 anos, o programa diário Estrela da Manhã.
O começo de
tudo
O mais antigo
programa de música da TV brasileira no ar, O Viola, Minha Viola estreou no dia
25 de maio de 1980, com apresentação de Moraes Sarmento (1922-1998) e Nonô Basílio
(1922-1997), nos estúdios da TV Cultura, na Barra Funda. A partir da terceira
edição, em junho, Inezita Barroso passou a participar da atração como convidada
fixa e logo já conquistou a simpatia do público. Meses depois, em agosto, Nonô
deixou o programa e Moraes ganhou como parceira a mulher que, anos mais tarde,
tornar-se-ia a dama da música caipira no País.
Nessa época, a
atração também ganhou espaço exclusivo: mudou-se para o Auditório Franco
Zampari, na região da Luz, em São Paulo. Durante algum tempo, o Viola foi
itinerante e viajou por diversas cidades do interior paulista, voltando, mais
tarde, a fixar-se no Zampari.
Inezita
Barroso gravou mais de 1500 edições do Viola, Minha Viola, voltado a modas de
viola, música de raiz, lendas e danças folclóricas.
Tendo se
tornado um verdadeiro centro da tradicional música de raiz, ao longo dos anos,
o palco do Viola recebeu os maiores astros do gênero, como Tonico e Tinoco;
João Pacífico; As Galvão; Pedro Bento e Zé da Estrada; Cascatinha e Inhana;
Milionário e José Rico; Tião Carreiro e Pardinho; Almir Sater; Daniel;
Chitãozinho & Xororó; Renato Teixeira: Sergio Reis; entre muitos outros
célebres do cenário musical caipira.
**Fonte: Portal Cmais Tv Cultura
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