Foto Reprodução/ A Tarde |
O compromisso continua o mesmo: fazer o ajuste fiscal. Mas, na
prática, a equipe econômica sacrificou o ajuste no curto prazo e
adotou medidas que retardam a recuperação fiscal e a reversão do
rombo das contas públicas, que deve chegar perto de R$ 100 bilhões
em 2016.
Além das medidas de crédito e redução de taxas de juros em
operações do BNDES e de fundos constitucionais, o governo pediu um
abatimento da meta em até R$ 120 bilhões para acomodar mais
despesas, inclusive na área de defesa, e recursos não previstos
para os Estados de R$ 1,95 bilhão como compensação pela Lei Kandir
que desonerou as exportações.
Também estão sendo atendidos pleitos de renegociação agrícola,
como ocorreu em 2014. Há pressão ainda para a liberação dos
depósitos compulsórios pelo Banco Central.
O pacote de socorro aos Estados e alongamento da dívida com a União
anunciado recentemente ficou muito maior do que o previsto, com
impacto que pode chegar a R$ 45 bilhões em três anos.
Medidas impopulares, como as reformas da Previdência e trabalhistas,
que chegaram a ser anunciadas pelo ministro da Fazenda Nelson
Barbosa, foram engavetadas. Na situação de rombo das contas
públicas e atraso na votação da CPMF, medidas adicionais de alta
de tributos já teriam sido adotadas.
O roteiro é semelhante ao seguido pelo ex-ministro da Fazenda Guido
Mantega em 2014, ano de eleições presidenciais, quando foram
adotadas "bondades" econômicas ou retardadas ações para
não atrapalhar a campanha à reeleição da presidente Dilma
Rousseff. Para muitos economistas, essa foi a raiz do agravamento da
crise que o País vive hoje.
Agora, na guerra contra o impeachment da presidente, o governo abriu
espaço para mais despesas em nome do enfrentamento da recessão. A
decisão facilita, porém, o atendimento das demandas políticas de
aliados e "neoaliados" e ajudaria a criar um ambiente mais
favorável com a população, como tem cobrado o ex-presidente Lula.
Novas medidas estão sendo preparadas para serem anunciadas nesta
semana.
Barbosa tem vivido dias de "equilibrista fiscal",
principalmente depois que virou alvo das críticas do PT. O quadro
também se assemelha ao de 2014, quando Lula trabalhou nos bastidores
para a substituição de Mantega no cargo. A diferença com o que
ocorreu há dois anos é que o cofre agora está vazio.
**Fonte: A Tarde
Nenhum comentário:
Postar um comentário