O brasileiro
se endividou não apenas para comprar geladeira, fogão e carro zero, mas também
para estudar. Dívidas com faculdade, escola e cursos aparecem na segunda
posição no ranking dos gastos que levaram ao endividamento, revela uma pesquisa
nacional sobre emprego temporário neste final de ano.
Realizada pela
Vagas, empresa de tecnologia especializada em recrutamento eletrônico, a
enquete consultou cerca de 1.400 currículos entre a última semana de outubro e
a primeira semana de novembro e constatou que 22% dos candidatos que pretendem
obter renda extra com emprego temporário este ano querem pagar dívidas.
Destes, 59%
apontaram o cartão de crédito como motivo do endividamento, seguido pelo gasto
com estudo, com 28% das respostas. O endividamento com mensalidade de escola,
faculdade e curso está à frente até do cheque especial, do carnê e dos
financiamentos para compra do carro zero e da casa.
"O peso
da dívida com estudo surpreendeu", diz Fabíola Lago, coordenadora da
pesquisa. Ela explica que pela primeira vez neste ano procurou-se saber a razão
do endividamento dos candidatos a uma vaga de trabalho temporário. No entanto,
observa, por meio de outras pesquisas do mercado, o cartão de crédito sempre
foi o principal foco de endividamento. A pesquisa mostra que o cartão continua
sendo o vilão e apareceu no estudo como importante fator de endividamento.
Outro
resultado que reforça as indicações de que a educação ganhou relevância entre
os gastos que levaram às dívidas é que 61% dos endividados têm formação superior
cursando ou interrompida, 35% têm 1.º ou 2.º graus completos ou incompletos e
5%, curso profissionalizante. "A parcela de endividados com ensino
superior completo é muito pequena", diz Fabíola.
O avanço da
demanda por educação fica nítido no Censo da Educação Superior, divulgado pelo
Ministério da Educação. No fim de 2012, havia no País 7 milhões de alunos
matriculados em curso superior, a maioria (73%) em redes particulares de
ensino. É quase duas vezes e meia o contingente registrado em 2001, quando 3
milhões de pessoas estavam nessa condição. Só de 2011 para 2012, o número de
ingressantes nas instituições de educação superior cresceu 17,1%. Nos últimos
dez anos, a taxa média anual de ingressos foi de 8,4%.
Boom. "A
nova classe média ampliou a demanda por educação porque está pensando no
futuro", afirma Alexandre Pierantoni, sócio da PwC Brasil e líder na área
de private equity e educação. Ele observa que cursos de graduação,
pós-graduação e de línguas são objetos de demanda da classe emergente, além de
outros produtos e serviços básicos.
A maior
procura por educação também aumentou o interesse de investidores e provocou uma
onda de fusões e aquisições no setor, observa Pierantoni. Entre 2007 e junho
deste ano, foram fechados 156 negócios no setor. O primeiro movimento foi de
transações entre grupos ligados ao ensino universitário. O próximo movimento de
fusões deve se concentrar no ensino médio e fundamental,
Também para
Fabíola, da Vagas, a maior procura por educação faz parte do boom de consumo de
tudo que houve no País: turismo, eletrodomésticos, carros, por exemplo. "O
Brasil tem uma classe emergente que está consumindo mais, inclusive com mais
oportunidade de cursar nível superior", observa.
É que o
brasileiro da nova classe média vê a despesa com educação não como um gasto,
mas um investimento, explica Renato Meirelles, presidente do instituto de
pesquisas Data Popular, voltado para as classes emergentes. Isso significa que
esse desembolso é encarado por essa classe como uma possibilidade de melhoria
do padrão de vida no futuro.
Com base em
dados coletados em pesquisas feitas pelo Data Popular e combinados com
informações da Pnad e da POF, ambas pesquisas do IBGE, Meirelles calcula que os
brasileiros desembolsaram R$ 75 bilhões este ano com educação, cifra 5,6% maior
em relação a 2012.
Meirelles
destaca que o Sudeste responde por mais da metade do gasto (53%). Mas o
Nordeste, onde movimento de migração social foi intenso, vem em segundo lugar,
com 18% do total, e à frente do Sul (15%)
**Fonte: MSN
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