Foto: Reprodução/G1 |
Os motoristas
profissionais de caminhões, carretas e ônibus vão passar por um exame que
detecta o uso de drogas em um período de 90 dias antes do teste.
A resolução é
do Conselho Nacional de Trânsito e determina que esse exame seja feito na hora
de tirar ou renovar a carteira. O repórter Wilson Kirsche mostra como funciona
o mercado de substâncias ilegais nas estradas.
Na cabine, um
abuso declarado, bem conhecido por motoristas que não usam, mas são testemunhas
do consumo entre os colegas. “Não estão tomando rebite, estão cheirando pó
mesmo”, diz um caminhoneiro.
“Cocaína,
crack, maconha”, afirma outro caminheiro.
Eles contam
que o mercado clandestino transforma pátios e estacionamentos em pontos de
tráfico. “Qualquer lugar que você chegar, acha. É como comprar doce no
mercado”, diz um caminhoneiro.
Um
caminhoneiro que não quer mostrar o rosto só dirige tomando comprimidos
estimulantes, conhecidos como rebites. Ele diz que já passou cinco dias sem
dormir para dar conta das entregas e aumentar a renda. “Na primeira noite dois,
na segunda noite quatro, na terceira noite seis. E aí vai. Te deixa ligado a
noite toda, que é o que cara precisa para poder rodar”, conta.
É esse perigo
que está na mira da lei. A resolução do Contran vai tornar obrigatório o exame
toxicológico ,que detecta consumo de drogas, para emissão e renovação da
carteira de motorista, nas categorias C,D e E. As análises terá que ser feita
em laboratório credenciado, e o laudo apresentado junto com os exames exigidos
pelo Detran.
Para os testes
serão coletadas amostras de cabelos, pelos ou unhas. O exame vai mostrar se
houve uso de maconha, cocaína, crack ou anfetamina até 90 dias antes da coleta.
“A queratina presente nos pelos e cabelos aprisiona pequenas moléculas das
drogas, tornando possível que nós as detectemos por um período maior. O
resultado sai em aproximadamente 15 dias”, explica o diretor de laboratório
Vicente Milani.
Se o resultado
der positivo para o uso de drogas, a resolução também permite que seja feita
uma contraprova, até 90 dias depois do exame. O motorista só vai poder retirar
ou renovar a habilitação se esse novo teste der negativo.
O sindicato
dos caminhoneiros reconhece que o rigor do exame vai barrar muita gente, e que
será preciso fazer campanhas de conscientização entre os profissionais. “Tem
que investir muito nessas campanhas, nessas orientações, para que a gente possa
ter uma equipe boa”, ressalta Carlos Dellarosa.
Transportadoras
ouvidas pelo Bom Dia Brasil apoiam a medida, mas afirmam que não têm como arcar
com o custo do exame, de R$ 350 a R$ 400. O teste teria que ser bancado pelos
motoristas. “Para ele ser contratado pela empresa ele vai estar com os
documentos todos em ordem, vai ter que estar. Então esse custo vai ser
repassado para ele, infelizmente”, diz a supervisora de transportadora Débora
Quaglio.
Mesmo assim,
dentro da boleia, a aprovação é quase geral. Os caminhoneiros sabem que esse
vai ser o preço da segurança. “Quanto menos louco na estrada, melhor”, diz um
caminhoneiro.
A resolução já
foi publicada, mas o Contran deu prazo até julho do ano que vem para começar a
exigir o exame.
**Fonte:G1
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