Brasília – Diante dos avanços
tecnológicos e sociais que favorecem a globalização e estimulam o
desenvolvimento precoce, o jovem dos dias de hoje é muito diferente do
adolescente de 1940, quando o Código Penal estabeleceu a maioridade penal a
partir dos 18 anos. Para a psiquiatra forense Kátia Mecler, esse limite poderia
ser diminuído para 16 anos, idade em que, segundo ela, o jovem já é capaz de
entender o caráter ilícito de um ato e escolher entre praticá-lo ou não. “Quando
esse limite foi definido, há 70 anos, vivíamos uma época muito diferente. Hoje,
o mundo é absolutamente permeado pela comunicação, por tecnologias avançadas,
por estímulos intensos desde cedo e a gente percebe claramente que o
desenvolvimento acelera também, ainda que a maturidade seja um processo longo,
que pode durar uma vida inteira”, disse.
Kátia Mecler,
vice-coordenadora do Departamento de Ética e Psiquiatria Legal da Associação
Brasileira de Psiquiatria (ABP), destacou que a redução da maioridade penal é
uma tendência, principalmente, em países desenvolvidos que, geralmente,
baseiam-se apenas no elemento cognitivo, ou seja, na capacidade do jovem de
compreender se um ato é ilícito. Ela explicou que no Brasil também é
considerado o elemento volitivo – a capacidade do jovem de decidir se irá
praticar ato que compreende ser ilícito. “O fato é que não existe um consenso,
do ponto de vista mundial, que seja absolutamente científico para definir essa
idade ideal. Ainda é um tema conduzido com tentativa e erro”, disse.
“No próprio Brasil, em códigos
penais anteriores, eram imputáveis jovens a partir de 14 anos. Já tivemos uma
maioridade menor, elevamos o patamar e, talvez, seja a hora de reduzir um
pouco”, acrescentou.
O debate sobre
a redução da maioridade penal voltou à tona nos últimos dias, após o
assassinato do estudante Victor Hugo Deppman, 19 anos, durante um assalto em
frente à sua casa no bairro de Belém, zona leste de São Paulo. O agressor era
um adolescente de 17 anos que completou 18 dias depois. Com isso, ele cumprirá
pena socioeducativa, pois o crime foi cometido quando ainda era menor.
O governador
de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse que seu partido, o PSDB, deve apresentar
ao Congresso um projeto para tornar mais rígido o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA). Uma das propostas é ampliar para oito anos o período de
internação do menor infrator. Hoje, o tempo máximo de internação é três anos.
Fonte: Agencia Brasil
o Social em foco quer saber: você é a favor da redução da maior idade penal? Estamos realizando enquete, não deixe de votar
Nenhum comentário:
Postar um comentário