domingo, 15 de março de 2015

Grupos de direita engrossam protestos neste domingo

Foto: Reprodução/A Tarde
Os neoprofetas do apocalipse avisaram ano passado que 2015 seria tenebroso. E, para enfrentar a crise econômica, remédios amargos precisaram ser administrados: cortes em programas sociais, aumento de impostos, restrição ao crédito. A inflação subiu, o real desvalorizou, o desemprego cresceu. A isso se somaram as denúncias de corrupção da Lava Jato e o ódio gerado na recém encerrada campanha presidencial. Resultado: o clima piorou muito para a  presidente Dilma Rousseff. As pessoas têm a tendência de responsabilizar o ocupante da cadeira presidencial pelo que ocorre de bem e de mal no Brasil.
A pesquisa Datafolha divulgada no início de fevereiro revelou que apenas 23% avaliaram positivamente o governo Dilma, 44% acham esse início de gestão ruim ou péssimo.  Boatos dizem que os números pioraram para Dilma em março.
Nesse cenário, a manifestação marcada para este domingo, 15 em várias cidades do país - em Salvador será no  Largo do Farol da Barra às 16 horas -  por segmentos que não têm experiência de militância política partidária, será um termômetro para Dilma.
Se atrair muita gente, pode gerar onda anti-governo na sequência e criar mais dificuldades para o Palácio do Planalto. Mesmo que fracasse em quantidade de pessoas, as manifestações tendem a ser ampliadas pelas  redes sociais, nova trincheira da luta política.
É preciso lembrar que, mesmo o ato organizado, sexta, pelas centrais sindicais ligadas aos partidos da base governista - em especial o PT e PCdoB - foi, em parte, de protesto contra as medidas de Dilma que cortaram benefícios sociais. O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), um dos participantes do ato pró-governo, também tem criticado muito Dilma pelo atraso da reforma agrária.
Amplitude
Doutor em Ciência Política, profundo conhecedor e estudioso da política, Paulo Fábio Dantas acredita que a amplitude das manifestações desse domingo e o prosseguimento de atos de rua dependerão das bandeiras que os participantes vão defender. "Se os protestos se concentrarem no tema da corrupção, mesmo associando ao impeachment, ao fora Dilma, a tendência é que as manifestações sejam absorvidas sem maiores consequências", disse, explicando que o país está maduro "para lidar com esse descontentamento justo com a corrupção e, ao mesmo tempo as pessoas sabem que as instituições têm funcionado a contento na investigação dos casos".
Por outro lado, observa Dantas, se a agenda dos manifestantes se ampliar, como ocorreu em 2013, "para reclamar contra a qualidade dos serviços públicos, a inflação, a ameaça a conquistas trabalhistas e temas específicos, aí sim, acho que o governo vai estar em muitos maus lençóis".
Ele avalia que o "Fora Dilma" é uma bandeira muito imediatista, mas difícil de ser alcançada.  Acha que o grande problema do governo é o seu isolamento político defendendo a ajuda à gestão federal para o enfrentamento da crise econômica. "Pior será atravessar esses quatro anos do governo Dilma caso ela não consiga êxito com suas medidas econômicas", disse. O cientista político concluiu recentemente uma temporada na Argentina, país que tem problemas muito piores que o Brasil. "A diferença é que lá existe uma eleição presidencial marcada para esse ano, o que dá uma certa esperança nas pessoas para aguentar mais um pouco. No Brasil, a eleição de presidente é em 2018".

Frisando sempre que o PSOL está imune à Operação Lava Jato,  o presidente do partido na Bahia, Marcos Mendes, disse que não apoia a manifestação deste domingo devido ao seu viés de impeachment. "Isso é uma tentativa de golpe articulada  por partidos de direita e grupos fundamentalistas que não aceitam o resultado das urnas", sustentou.  Para ele, as pessoas deveriam ir às ruas para cobrar temas consequentes: reforma política.
**Fonte: A Tarde

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