O Ministério
Público declarou que pediu a prisão preventiva do ex-diretor da Petrobras
Nestor Cerveró porque ele realizou operações financeiras consideradas suspeitas
bem depois do início das investigações da Operação Lava Jato, que apura desvio
de dinheiro da Petrobras.
Dentre essas
operações, estão as transferências de recursos de um plano de previdência privada
para outro, da filha, e de imóveis a preços inferiores aos de mercado, também
para filhos.
O advogado do
ex-diretor afirmou que não há ilegalidade e que as movimentações financeira e
imobiliária são “atos normais da vida civil” (leia mais detalhes ao final desta
reportagem).
Logo depois de
ter sido denunciado por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro, o
ex-diretor da Petrobras tentou resgatar quase R$ 500 mil do plano de
previdência privada dele para transferir para outro plano de previdência, em
nome da filha, Raquel Cerveró, mesmo alertado pelo banco de que perderia mais
de R$ 100 mil por causa de impostos.
Para o
Ministério Público federal, a única justificativa para uma perda de mais de 20%
do dinheiro seria evitar o confisco de todo o investimento, em caso de
condenação.
Esse argumento
foi decisivo para a Justiça acatar o pedido de prisão. Na decisão, o juiz diz
que a tentativa de, tão logo oferecido a denúncia, sacar valores expressivos de
fundo de previdência privada “é conduta absolutamente pouco usual para qualquer
investidor, mas altamente compreensível para um denunciado”. E indica “o desejo
claro de não se sujeitar à aplicação da lei”.
Essa não foi a
única operação que chamou a atenção dos investigadores. O Conselho de Controle
de Atividades Financeiras (Coaf), identificou pelo menos cinco movimentações
“atípicas” em que Cerveró fez saques na boca do caixa ou pagou apartamentos em
dinheiro vivo.
A Polícia
Federal também afirma que Nestor Cerveró realizou várias operações de compra e
venda de imóveis nos últimos anos que, de acordo com as investigações, têm
indícios de lavagem de dinheiro.
Entre 2002 e
2012, Cerveró comprou nove imóveis. Em junho do ano passado, cerca de três
meses depois de iniciada a Operação Lava Jato, passou para o nome dos filhos
três apartamentos, todos em Ipanema, bairro de classe alta na zona sul do Rio
de Janeiro. De acordo com o que foi declarado no dia do negócio, um apartamento
foi para o filho, Bernardo Cerveró, por R$ 200 mil, e outro para a filha, por
R$ 160 mil. No mercado, imóveis nesse prédio valem mais de R$ 2,3 milhões – o
que foi apurado pelo próprio Ministério Público.
Outro
apartamento transferido para os filhos,
também em Ipanema, tem valor declarado de R$ 650 mil, mas duas corretoras
consultadas afirmaram que esse preço está abaixo da média de mercado.
**Fonte: G1
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