Desvio de verba pública, pagamento de
propina e nomeação de funcionários fantasmas. Pessoas acusadas de crimes como
esses deveriam estar bem longe da Câmara Federal e Estadual, certo?
Teoricamente. Na prática, essas são algumas das irregularidades pelas quais
candidatos baianos são investigados. Enquanto a propaganda eleitoral sustenta
um sorriso largo e a imagem de cidadãos exemplares, juntos, os candidatos a
deputado federal e estadual Roberto Carlos (PDT), Luiz Argôlo (SDD), Cláudio
Taboada (DEM) e João Bacelar (PR) respondem a 11 processos no Tribunal de
Justiça da Bahia.
De acordo com a Lei da Ficha Limpa,
tornam-se inelegíveis políticos que já foram condenados por qualquer crime, mas
uma brecha no judiciário permite que, enquanto os processos não sejam julgados,
os réus possam se tornar representantes do povo. "A campanha pode ser
mantida. O nome do candidato pode até ir para a urna até que haja uma decisão
definitiva dizendo que ele não pode ser candidato. Aí, sim, ele será retirado
do processo", explica o analista Judiciário do Tribunal Regional Eleitoral
da Bahia (TRE-BA) e mestre em direito eleitoral, Jaime Barreiros. Ou seja, com
o aval da lei, candidatos que são alvo de investigações estão concorrendo a
vagas de representação popular com salários mensais de R$ 26.723,13 para
deputados federais e R$ 20.042,34 para estaduais.