O Senado acaba
de aprovar a proposta que obriga a destinação de apenas 75% dos royalties
provenientes da exploração do petróleo à Educação e dos outros 25% para a
Saúde. O governo tentou até o último momento retomar a proposta original de
destinar 100% dos recursos à Educação. Mas o Senado promoveu alguns “consertos”
na proposta aprovada na semana passada pela Câmara e que poderia causar rombo
de mais de R$ 200 bilhões nos próximos anos. Agora, o texto ainda voltará à
apreciação dos deputados.
Pela proposta
aprovada no Senado, ficam destinados 75% para a Educação e 25% para a Saúde dos
royalties provenientes da exploração de petróleo em contratos celebrados a
partir de 03 de dezembro de 2012. Isso significa que afetará contratos com
exploração futura, dentro de dez anos, e não contratos em vigor, como
determinava a proposta da Câmara. Mas, para aumentar a verba imediata, o
governo concordou e o Senado aprovou destinar à Educação e à Saúde 50% dos
royalties das áreas de pré-sal (da parte da União) que já estão sendo
exploradas.
O ministro da
Educação, Aloísio Mercadante, acompanhou a votação durante a noite desta
terça-feira. Devido às alterações no texto, a proposta volta à Câmara para mais
uma análise. As mudanças devem garantir recursos de cerca de R$ 3,3 bilhões às
áreas num primeiro ano, segundo o líder do PT no Senado, Wellington Dias (PI).
No momento da votação, Eduardo Braga disse que as modificações irão trazer
cerca de R$ 4 bilhões imediatamente, para as áreas de educação e saúde.
Segundo
Mercadante, o governo apresentou uma nova proposta para evitar que o Fundo
Social seja usado como fonte direta de financiamento para o setor, conforme
aprovado pela Câmara.
O líder do
governo no Senado e relator da proposta em Plenário, Eduardo Braga (PMDB-AM),
disse que a inovação foi justamente garantir dinheiro imediato, da parcela da
União, para Educação e Saúde.
- A novidade é
que destina 50% da parcela da União dos royalties do pré-sal já em produção vão
diretamente para a Educação - disse o relator de Plenário e líder do governo no
Senado, Eduardo Braga.
Mercadante
explicou que o governo quer o Fundo Social como uma poupança de longo prazo, a
fim de proteger o país em caso de crises econômicas.
- Todos os
países produtores de petróleo, quando pegaram todos os recursos do petróleo e
jogaram diretamente na economia, viveram a chamada doença holandesa. A moeda do
país fica muito valorizada e isso prejudica a indústria, a agricultura, todos
os outros setores da economia. É só olhar para Venezuela, Irã, Iraque, Arábia
Saudita, e vemos que esse não é um caminho para o Brasil - disse Mercadante.
Na semana
passada, à revelia do governo, a Câmara tinha mudado o texto sobre o Fundo
Social, prevendo que seriam gastos em Educação 50% do dinheiro principal (toda
a verba) do fundo. Como o governo queria, o Senado mudou a proposta da Câmara e
retomou o texto original, prevendo que serão destinados à Educação apenas 50%
dos rendimentos (apenas os juros) do Fundo Social.
Mas a
principal preocupação do governo era com a questão dos contratos. Mercadante
pediu que o Senado retomasse o texto original, prevendo que serão destinados à
Educação e à Saúde os royalties referentes a contratos celebrados a partir de 3
de dezembro de 2012, que terão resultado dentro de dez anos. Por isso, esses
recursos só chegarão à Educação por volta de 2020. Os contratos celebrados a
partir de dezembro terão resultados futuros, porque a exploração nem começou.
A Câmara tinha
mudado o texto e trocado a expressão “contratos” por “declaração de
comercialidade” a partir de 03 de dezembro de 2012, ou seja, pegando contratos
já em vigor e garantindo dinheiro imediato.
A manobra
afetava contratos em vigor, o que poderia levar à judicialização da exploração
do petróleo. Um dos compromissos do governo Dilma na questão dos royalties foi
justamente proteger os contratos em vigor.
O projeto
sobre a destinação dos recursos dos royalties foi enviado pela presidente Dilma
Rousseff com urgência constitucional e foi anunciada com pompa pelo governo. Os
parlamentares sustentaram que a Saúde também precisa se recursos e não apenas a
área da Educação.
Nas
negociações, o governo também conseguiu adiar a votação do PNE. O acordo é para
que a proposta que fixa 10% do PIB à Educação seja discutida em audiências
públicas e votado em Plenário só em agosto.
**Fonte: O Globo

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