Imagem:Ilustrativa |
Sucesso de
vendas e com alto custo, os remédios contra o diabetes tipo 2 com base no
hormônio GLP-1, os "primos do Victoza", são o xodó da indústria
farmacêutica. Por seu potencial emagrecedor e por causar baixa incidência de
hipoglicemia, esses medicamentos também ganharam a preferência de
endocrinologistas.
Agora, com o
uso continuado dos primeiros medicamentos dessa classe por uma quantidade
grande de pacientes, começaram a surgir trabalhos científicos indicando risco
aumentado para pancreatite e alguns cânceres.
O GLP-1 é um
hormônio produzido normalmente pelo organismo que favorece a liberação da
insulina e contribui para a sensação de saciedade. Esses novos remédios, grosso
modo, usam hormônios similares ao GLP-1 para turbinar esses efeitos.
De acordo com
autores de artigos que questionam a segurança dos medicamentos, seus efeitos
potencialmente perigosos foram omitidos dos testes clínicos apresentados pelas
farmacêuticas.
"As
partes individuais de evidências não publicadas podem parecer inconclusivas,
mas, quando consideradas com outras evidências emergentes ou já antigas, um
quadro preocupante surge" disse Deborah Cohen, diretora de investigação do
"British Medical Journal", que publicou um extenso material sobre o
assunto neste mês.
O assunto foi
debatido na reunião científica da ADA (Associação Americana do Diabetes), que
terminou nesta semana em Chicago (EUA).
DEFESA
As
farmacêuticas negam que tenha havido omissões e endocrinologistas saíram em
defesa dos produtos, considerando que os dados ainda não são conclusivos.
"O
paciente com diabetes tem maior propensão a desenvolver pancreatite e alguns
cânceres. Os resultados não conseguiram provar uma relação de causalidade entre
as drogas e esses problemas", disse o endocrinologista Freddy
Eliaschewitz, diretor do CPClin (Centro de Pesquisas Clínicas), de São Paulo.
Marcos
Tambascia, endocrinologista e professor da Unicamp (Universidade Estadual de
Campinas), concorda com o colega e destaca que as novas drogas têm recebido atenção
por obter perda de peso.
Esse efeito
fez com que muita gente que não tem diabetes usasse o remédio como emagrecedor,
o chamado uso "off label" (fora da bula).
"É muito
arriscado. Não há testes que confirmem a segurança ou possíveis efeitos
colaterais. Não é nem possível calcular a dose adequada", disse
Eliaschewitz.
O diabetes
tipo 2, diretamente relacionado à obesidade, é uma epidemia mundial. Segundo a
Organização Mundial da Saúde, 347 milhões de pessoas têm o problema.
Devido ao alto
custo --cerca de R$ 400 por mês, enquanto que a terapia-padrão, a metformina, é
distribuída gratuitamente no país-- e à quantidade cada vez maior de potenciais
usuários, essas drogas vêm recebendo investimentos da indústria.
O Victoza
(liraglutida), o primeiro a ficar "famoso", e o Byetta (exosenatida)
já são vendidos no Brasil. A Sanofi espera trazer sua versão, o Lyxumia
(lixisenatida), já aprovado na Europa e na Austrália, no início do ano que vem.
.*Informações: Folha de São Paulo
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