Foto: Ilustrativa |
Descobrir os
motivos que levaram brasileiros a ser deportados ou "não admitidos"
em países estrangeiros pode ser uma forma de identificar e combater o tráfico
internacional de pessoas. A avaliação foi feita por organizações da sociedade
civil, durante audiência pública, ontem (17), no Ministério Público Federal
(MPF), no Rio de Janeiro.
De acordo com
a Michelle Gueraldi, advogada do Projeto Trama, organização que atua com
pessoas traficadas para exploração sexual ou para o trabalho escravo, o governo
federal, por meio do Ministério da Justiça, deveria ter um mecanismo para
abordar as pessoas deportadas ou não admitidas assim que elas retornassem ao
país, já no aeroporto.
“Existe a
necessidade de uma política pública para o migrante que retorna na condições de
deportado ou não admitido, nos aeroportos, para que seja possível combater o
crime e dar atendimento necessário àquela vítima. A maior parte das vítimas de
tráfico [de pessoas] volta nessas condições [de deportado ou não admitido] e
precisa de proteção especial”, disse Michelle.
A advogada
explicou que é necessária uma abordagem qualificada na identificação de pessoas
no aeroporto porque, segundo Michele, a própria vítima não se reconhece como
tal. “Se a vítima tiver sido explorada sexualmente, a última coisa que diz é
que trabalhava com isso”, ressaltou. De acordo com a advogada, boa parte das
vítimas é recrutada por gente próxima, como parentes.
Pesquisadora
da tráfico de pessoas pela Universidade Federal Fluminense, Graziella Rocha,
que coordenou o órgão do governo estadual para combater esse tipo de crime,
também reforça a importância de ter dados sobre o perfil das vítimas. Segundo
Graziella, os dados mais confiáveis são os produzidos pela fiscalização de
trabalho escravo do Ministério do Trabalho Emprego.
"Eles têm
os autos de flagrante de trabalho escravo. Aqui no Rio, antigamente, até 2009,
eram migrantes do Norte e Nordeste, trabalhando na colheita da cana, no norte
flueminse. Hoje, sabemos de casos de pessoas traficadas para trabalhar na
construção civil e em serviços", disse. Ela mencionou o episódio de um
chinês flagrado sendo explorado em uma pastelaria.
Coordenador da
audiência pública, o procurador regional dos Direitos do Cidadão, Jaime
Mitropoulos, destacou que o objetivo da audiência foi ouvir a sociedade civil e
os operadores de direito que trabalham com a questão para orientar a própria
atuação de combate ao tráfico. “Esse é um fenômeno dinâmico”, disse sobre a
dificuldade de tipificação penal do crime.
Reportagem:
Agência Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário